© 2007 Fundação Urantia
Documento 109. A Relação dos Ajustadores com as Criaturas do Universo |
Índice
Versão múltipla |
Documento 111. O Ajustador e a Alma |
110:0.1 A LIBERDADE com a qual os seres imperfeitos são dotados gera tragédias inevitáveis; mas é da natureza da Deidade perfeita ancestral compartilhar, universal e afetuosamente, desses sofrimentos, em comunhão amorosa[1].
110:0.2 Do modo como estou familiarizado com os assuntos de um universo, considero o amor e a devoção de um Ajustador do Pensamento a mais divina afeição em toda a criação. O amor dos Filhos, na sua ministração às raças, é magnífico; mas a devoção de um Ajustador ao indivíduo é tocante e sublime, divinamente semelhante à do Pai. O Pai do Paraíso, aparentemente, reservou a Si essa forma de contato pessoal com as Suas criaturas individuais, como uma prerrogativa exclusiva de Criador. E não há nada, em todo o universo dos universos, comparável, com exatidão, à ministração maravilhosa dessas entidades impessoais que, de um modo tão fascinante, residem nos filhos dos planetas evolucionários.
110:1.1 Não se deve considerar que os Ajustadores vivam no cérebro material dos seres humanos. Eles não são parte orgânica das criaturas físicas dos reinos. O Ajustador do Pensamento pode ser visualizado mais apropriadamente como residindo na mente mortal do homem, do que existindo dentro dos confins de um único órgão físico. E o Ajustador, indiretamente e sem ser reconhecido, comunica-se constantemente com o seu sujeito humano, especialmente durante as experiências sublimes de contato adorador, da mente para com o espírito, na supraconsciência.
110:1.2 Gostaria que me fosse possível ajudar os mortais em evolução a alcançar um entendimento melhor e alcançar uma apreciação mais plena do trabalho sublime e altruísta dos Ajustadores, que neles residem, pelo devotamento e fidelidade deles à tarefa de promover o bem-estar espiritual do homem. Esses Monitores são ministros eficientes para as fases mais elevadas das mentes dos homens; são manipuladores sábios e experientes do potencial espiritual do intelecto humano. Esses ajudantes celestes são dedicados à tarefa estupenda de guiar-vos, de um modo seguro, para dentro e para cima, na direção do refúgio celestial da felicidade. Esses trabalhadores incansáveis consagram-se à personificação futura do triunfo da verdade divina na vossa vida eterna. Eles são como operários vigilantes, pilotos que timoneiam a mente humana consciente de Deus, afastando-a dos escolhos do mal e, ao mesmo tempo, guiando, com toda a mestria, a alma humana em evolução até os portos divinos da perfeição, nas distantes praias eternas. Os Ajustadores são condutores cheios de amor; são os vossos guias seguros e certos, em meio às névoas escuras da incerteza na vossa curta carreira terrena; são os instrutores pacientes que, com tanta constância, impulsionam os seus sujeitos à frente, nos caminhos da perfeição progressiva. Eles são os custódios meticulosos dos valores sublimes do caráter da criatura. Gostaria que vós pudésseis amá-los mais, que cooperásseis mais intensamente com eles e que os afagásseis com mais afeto.
110:1.3 Embora os residentes divinos estejam ocupados, principalmente, com a vossa preparação espiritual para a próxima etapa da existência, na perenidade, também estão profundamente interessados no vosso bem-estar temporal e nas vossas realizações na Terra. Eles regozijam-se de contribuir para a vossa saúde, felicidade e verdadeira prosperidade. Eles não ficam indiferentes ao vosso êxito em quaisquer questões de avanço planetário, desde que este não se oponha à vossa vida futura de avanço e de progresso eterno.
110:1.4 Os Ajustadores estão interessados e ocupados com os vossos atos diários e com os múltiplos detalhes da vossa vida, na medida em que tais atos e detalhes influenciam a determinação das vossas escolhas temporais significativas e as decisões espirituais vitais, as quais constituem, portanto, fatores a contribuir para a solução do problema da sobrevivência da vossa alma e do vosso progresso eterno. O Ajustador, mesmo permanecendo passivo com relação ao bem-estar puramente temporal, é divinamente ativo, no que concerne a todas as questões relacionadas ao vosso futuro eterno.
110:1.5 O Ajustador permanece convosco, mesmo em todos os desastres e durante todas as enfermidades, desde que não destruam por inteiro a vossa vida mental. E quão cruel para ele é saber que vós corrompeis, deliberadamente, ou que poluís o corpo físico, que deve servir de tabernáculo terreno para essa maravilhosa dádiva de Deus[2]. Todos os venenos físicos retardam grandemente os esforços do Ajustador no sentido de elevar a mente material, e da mesma forma os venenos mentais do temor, da ira, da inveja, do ciúme, da suspeita e da intolerância interferem tremendamente no progresso espiritual da alma em evolução.
110:1.6 Na época de hoje, estais atravessando o período mais adequado para cortejar o vosso Ajustador; e se apenas demonstrardes fidelidade à confiança em vós depositada pelo espírito divino, que busca colocar a vossa mente e a vossa alma em eterna união, produzir-se-á afinal, em vós, a unidade moroncial, essa superna harmonia, aquela coordenação cósmica, a divina sintonização, a fusão celeste, a perene amalgamação da identidade, a unificação do ser que é tão perfeita e final que, mesmo as personalidades mais experientes, nunca poderão disjuntar, em identidades separadas, reconheendo os parceiros da fusão — homem mortal e Ajustador divino[3].
110:2.1 Quando os Ajustadores do Pensamento residem nas mentes humanas, eles trazem consigo o modelo da carreira, as vidas ideais, tais como foram determinadas e preordenadas por eles próprios e pelos Ajustadores Personalizados de Divínington, as quais foram certificadas pelo Ajustador Personalizado de Urântia. Assim, eles começam a trabalhar dentro de um plano definido e predeterminado, para o desenvolvimento intelectual e espiritual dos seus sujeitos humanos; mas não incumbe a nenhum ser humano ter de aceitar esse plano. Vós estais, todos, sujeitos à predestinação; não está preordenado, todavia, que devais aceitar essa predestinação divina; tendes a plena liberdade para rejeitar qualquer parte de todo o programa dos Ajustadores do Pensamento. A missão deles é efetuar alterações na mente e ajustamentos espirituais de forma tal que, como possais haver autorizado voluntária e inteligentemente, eles possam ganhar maior influência no direcionamento da personalidade; mas, sob nenhuma circunstância, esses Monitores divinos tirarão vantagem de vós, nem, de nenhum modo, vos influenciarão, arbitrariamente, nas vossas escolhas e decisões. Os Ajustadores respeitam a soberania da vossa personalidade; eles são sempre subservientes à vossa vontade.
110:2.2 Eles são persistentes, engenhosos e perfeitos nos seus métodos de trabalho, e jamais atuam com violência sobre o eu volitivo dos seus anfitriões. Nenhum ser humano será espiritualizado por um Monitor divino, contra a sua própria vontade; a sobrevivência é um dom dos Deuses, que deve ser almejado pelas criaturas do tempo[4]. Em última análise, em tudo e por tudo que o Ajustador houver feito com êxito por vós os registros mostrarão que a transformação terá sido efetuada com o vosso consentimento cooperador; vós tereis sido, pois, parceiros volitivos do Ajustador, na realização de cada passo, na imensa transformação da carreira ascensional[5].
110:2.3 O Ajustador não está tentando controlar o vosso pensamento, enquanto tal; mas está, antes, tentando espiritualizá-lo, para eternizá-lo. Nem os anjos, nem os Ajustadores dedicam-se diretamente a influenciar o pensamento humano; esta é uma prerrogativa exclusiva da vossa personalidade. Os Ajustadores dedicam-se a aperfeiçoar, a modificar, a ajustar e coordenar os vossos processos de pensamento; mas, mais específica e especialmente, se devotam ao trabalho de construir as contrapartes espirituais das vossas carreiras, de fazer as transcrições moronciais dos vossos verdadeiros eus em avanço, com o propósito da vossa sobrevivência.
110:2.4 Os Ajustadores trabalham nas esferas de níveis mais elevados da mente humana, procurando incessantemente produzir duplicatas moronciais de cada conceito do intelecto mortal. Há, portanto, duas realidades que se impingem sobre os circuitos da mente humana e que neles estão centradas: uma, um eu mortal que evoluiu dos planos originais dos Portadores da Vida; e outra, uma entidade imortal proveniente das altas esferas de Divínington, um dom de Deus, que é residente. Contudo, o eu mortal é também um eu pessoal; ele tem personalidade.
110:2.5 Vós, enquanto criaturas pessoais, tendes mente e vontade. O Ajustador, como uma criatura pré-pessoal, tem pré-mente e pré-vontade. Se vós vos conformardes, tão plenamente, à mente do Ajustador, a ponto de verdes juntos, por meio de olho só, então, as vossas mentes tornar-se-ão uma; e vós recebereis o reforço da mente do Ajustador[6]. Subseqüentemente, se a vossa vontade ordenar e reforçar a execução das decisões dessa nova mente, ou dessa combinação de mentes, a vontade pré-pessoal do Ajustador ater-se-á à expressão da personalidade por meio da vossa decisão, e, no que concerne a esse projeto em particular, vós e o vosso Ajustador estareis unificados. A vossa mente terá atingido a sintonização com a divindade; e a vontade do Ajustador terá alcançado uma expressão de personalidade.
110:2.6 À medida que essa identidade for realizando-se, estareis mentalmente aproximando-vos da ordem moroncial de existência. A mente moroncial é uma expressão que significa a essência e a soma total da cooperação plena entre mentes de naturezas diversas, a espiritual e a material. O intelecto moroncial, contudo, tem a conotação de uma mente dual, no universo local, dominada por uma vontade. E, no caso dos mortais, essa é uma vontade de origem humana, que se está tornando divina por meio da identificação da mente humana com o dom mental de Deus.
110:3.1 Os Ajustadores estão fazendo o jogo sagrado e superno das idades; estão empenhados em uma das aventuras supremas do tempo e do espaço. E quão felizes eles ficam, quando a vossa cooperação lhes permite prestar-vos alguma ajuda, na vossa curta luta do tempo, enquanto eles continuam com as suas tarefas mais amplas na eternidade. Usualmente, porém, quando o vosso Ajustador tenta comunicar-se convosco, a mensagem perde-se nos elos materiais da corrente de energia da mente humana; apenas ocasionalmente, ocorre-vos captar um eco, algo tênue e distante, da voz divina.
110:3.2 O êxito do vosso Ajustador, na tarefa de pilotar-vos durante a vida mortal e de alcançar a vossa sobrevivência, depende não tanto das teorias das vossas crenças, mas mais das vossas decisões, das vossas determinações e da constância e firmeza da vossa fé. Todos esses movimentos de crescimento da personalidade tornam-se influências poderosas a ajudar o vosso avanço, porque vos ajudam a cooperar com o Ajustador; e auxiliam-vos a deixar de resistir. Os Ajustadores do Pensamento têm êxito, ou, aparentemente, fracassam nas suas tarefas terrestres, no mesmo grau em que os mortais têm êxito ou fracassam na cooperação com o esquema por meio do qual eles avançarão na trajetória ascendente da realização de alcançar a perfeição. O segredo da sobrevivência está envolto no desejo humano supremo de ser semelhante a Deus e na conseqüente vontade empenhada no ato de fazer, e de ser, todas e quaisquer das coisas essenciais à maestria da realização final desse desejo.
110:3.3 Quando falamos do êxito ou do fracasso de um Ajustador, estamos falando em termos de êxito da sobrevivência humana. Os Ajustadores nunca fracassam; eles são da essência divina e sempre saem triunfantes em todas as suas tarefas.
110:3.4 Não posso observar senão que, muitos de vós, gastais muito tempo e pensamentos com as meras trivialidades do viver, enquanto vos esqueceis quase totalmente das realidades mais essenciais e de relevância mais perene, das próprias realizações que estão ligadas ao desenvolvimento de um acordo de trabalho mais harmônico entre vós e o vosso Ajustador. A grande meta da existência humana é a sintonização com a divindade do Ajustador residente; a grande realização da vida mortal é alcançar uma consagração verdadeira e abrangente dos objetivos eternos do espírito divino, que vigia e trabalha dentro da vossa mente. E, no entanto, um esforço determinado e devotado para realizar o destino eterno pode ser inteiramente compatível com uma vida plena de leveza e de alegria e com uma carreira honrada e cheia de êxito na Terra. A cooperação com o Ajustador do Pensamento não inclui autotortura, nem falsa piedade, nem auto-humilhação hipócrita ou ostensiva; a vida ideal é aquela do serviço com amor, muito mais do que uma existência de apreensões temerosas.
110:3.5 Estar confuso e perplexo e, algumas vezes, até mesmo desencorajado e distraído, não significa, necessariamente resistência aos guiamentos do Ajustador residente. Tais atitudes podem, algumas vezes, denotar falta de cooperação ativa, sim, com o Monitor divino e podem, por isso, retardar o progresso espiritual; mas essas dificuldades emocionais e intelectuais não interferem, em nada, na certeza da sobrevivência da alma que é sabedora de Deus. A ignorância, por si só, não impede a sobrevivência; nem as dúvidas e as confusões, nem a incerteza temerosa. Apenas a resistência consciente ao guiamento do Ajustador pode impedir a sobrevivência da alma imortal em evolução.
110:3.6 Vós não deveis encarar a cooperação com o vosso Ajustador como um processo especialmente consciente, pois não o é; mas os vossos motivos e as vossas decisões, as vossas determinações cheias de fé e os vossos desejos supremos constituem, sim, uma cooperação real e efetiva. Vós podeis aumentar conscientemente a vossa harmonia com o Ajustador por meio de:
110:3.7 1. Escolher seguir o guiamento divino; baseando, com sinceridade, a vida humana na mais elevada consciência da verdade, da beleza e da bondade; e então coordenar essas qualidades da divindade, por meio da sabedoria, da adoração, da fé e do amor[7].
110:3.8 2. Amar a Deus, desejando ser como Ele — pelo reconhecimento genuíno da paternidade divina e pela adoração amorosa do Pai celestial[8].
110:3.9 3. Amar aos homens, desejando sinceramente servir a eles — no reconhecimento, de coração, da irmandade entre os homens, somado a um afeto sábio e inteligente, dirigido a cada um dos vossos semelhantes mortais[9][10].
110:3.10 4. Aceitar, com alegria, a cidadania cósmica — o reconhecimento honesto das vossas obrigações progressivas para com o Ser Supremo, a consciência da interdependência entre o homem evolucionário e a Deidade evolutiva. Nisso está o nascimento da moralidade cósmica e do amanhecer da compreensão do dever universal.
110:4.1 Os Ajustadores são capazes de receber a contínua corrente da inteligência cósmica que provém dos circuitos mestres do tempo e do espaço; eles estão em contato pleno com a inteligência espiritual e a energia dos universos. Contudo, esses poderosos residentes tornam-se incapazes de transmitir muito dessa riqueza, em sabedoria e verdade, às mentes dos seus sujeitos mortais, por causa da falta de semelhança entre as duas naturezas e devido à ausência, do lado humano, de um reconhecimento à altura.
110:4.2 O Ajustador do Pensamento está empenhado, com um esforço constante, em espiritualizar a vossa mente e em fazer evoluir a vossa alma moroncial; mas vós próprios permaneceis quase completamente inconscientes dessa ministração interior. Vós sois praticamente incapazes de discernir entre o produto do vosso próprio intelecto material e aquilo que é fruto das atividades conjuntas entre a vossa alma e o Ajustador.
110:4.3 Certas apresentações abruptas de pensamentos, de conclusões e de outras imagens da mente, algumas vezes, são um trabalho direto ou indireto do Ajustador. São, porém, muito mais freqüentemente, fruto de uma emergência súbita, até a consciência, de idéias que se agruparam em níveis mentais submersos e que são ocorrências cotidianas naturais da função psíquica, corriqueira e normal, inerente aos circuitos da mente animal em evolução. (As revelações do Ajustador, ao contrário dessas emanações subconscientes, surgem por meio dos reinos da supraconsciência.)
110:4.4 Confiai todas as questões da vossa mente, que estão para além do alcance ordinário da consciência, à custódia dos Ajustadores. No tempo devido, se não for neste mundo, então será nos mundos das mansões, eles prestarão uma boa conta da sua função de condutores e guias e, finalmente, trarão à luz os significados e os valores entregues aos seus cuidados e guarda. Eles ressuscitarão cada tesouro valioso da mente mortal se vós sobreviverdes.
110:4.5 Existe um vasto abismo entre o humano e o divino, entre o homem e Deus. As raças de Urântia são controladas, elétrica e quimicamente, de um modo tão intenso, são tão altamente semelhantes aos animais, no seu comportamento comum, são tão emocionais nas suas reações corriqueiras que se torna excessivamente difícil, para os Monitores, guiá-las e dirigi-las. Vós sois tão desprovidos de decisões corajosas e de uma cooperação consagrada, que os vossos Ajustadores residentes acham quase impossível comunicar-se diretamente com a mente humana. Mesmo quando eles julgam ser possível dar à alma do mortal em evolução o impulso iluminador de uma nova verdade, essa revelação espiritual, freqüentemente, oblitera a vista da criatura, a ponto de precipitar uma convulsão de fanatismo ou iniciar alguma outra forma de transtorno intelectual que resulta em desastre. Muitas das religiões novas e alguns estranhos “ismos” surgiram de comunicações emitidas pelos Ajustadores do Pensamento e se tornaram abortadas, imperfeitas, mal interpretadas ou distorcidas pela mente.
110:4.6 Com o passar de muitos milhares de anos, assim mostram os registros de Jerusém, em cada geração, têm existido Ada vez menos seres capazes de funcionar com segurança por meio dos Ajustadores auto-atuantes. Esse é um quadro alarmante; e as personalidades supervisoras de Satânia encaram favoravelmente as propostas de alguns dos vossos supervisores planetários mais diretos, que recomendam a inauguração de medidas destinadas a favorecer e a conservar os tipos de espiritualidade mais elevada entre as raças de Urântia.
110:5.1 Não confundais, nem desvirtueis a missão e a influência do Ajustador, com aquilo que é comumente chamado de consciência, pois essas duas coisas não estão diretamente relacionadas. A consciência é um fenômeno humano e uma reação puramente psíquica. Não se deve desprezá-la, mas só raramente ela é a voz de Deus para a alma, coisa que o Ajustador seria se tal voz pudesse ser ouvida. A consciência, corretamente, admoesta-vos a fazer o certo; mas o Ajustador, além disso, esforça-se para dizer-vos aquilo que é verdadeiramente o mais certo; isto é, se e quando fordes capazes de perceber a orientação do Monitor.
110:5.2 As experiências humanas no sonho, aquela sucessão desconectada e desordenada na mente adormecida, não coordenada, apresentam-se como uma prova adequada do fracasso do Ajustador na harmonização e na associação dos fatores divergentes dentro da mente humana. Os Ajustadores simplesmente não podem, em um único período de vida, arbitrariamente, coordenar e sincronizar dois tipos tão dessemelhantes e diversos de pensamento, tais como o humano e o divino. Quando conseguem fazê-lo, como algumas vezes o fizeram, essas almas são transladadas diretamente para os mundos das mansões, sem a necessidade de passar através da experiência da morte.
110:5.3 Durante o período de sono, o Ajustador tenta realizar apenas aquilo que a vontade da personalidade residida já aprovou, prévia e totalmente, por meio de decisões e escolhas, feitas todas em períodos de consciência plenamente desperta, e que, conseqüentemente, já se hajam alojado nos reinos da supramente, nesta que é o domínio da inter-relação entre o humano e o divino.
110:5.4 Enquanto os seus hospedeiros mortais estão adormecidos, os Ajustadores tentam registrar as suas criações nos níveis mais elevados da mente material; e alguns, dentre os vossos sonhos grotescos, indicam o fracasso deles em estabelecer um contato eficiente. Os absurdos da vida nos sonhos não apenas atestam a pressão de determinadas emoções não exprimidas, mas também testemunham as distorções horríveis das representações dos conceitos espirituais, apresentadas pelos Ajustadores. As vossas próprias paixões, os impulsos e outras tendências inatas transladam-se para a imagem do sonho e substituem os seus desejos ainda inexprimidos apresentando-os como se fossem as mensagens divinas que os residentes tanto se esforçam para colocar nos registros psíquicos, durante a fase inconsciente do sono.
110:5.5 É extremamente perigoso postular qualquer coisa, quanto à participação do Ajustador, no conteúdo da vida nos sonhos. Os Ajustadores trabalham, sim, durante o sono; mas as vossas experiências no sonho, em geral, são fenômenos puramente fisiológicos e psicológicos. Da mesma forma, é arriscado tentar diferençar o registro dos conceitos dos Ajustadores, das recepções mais ou menos contínuas e conscientes, daquilo que é ditado a partir da consciência mortal. Tais problemas terão de ser solucionados por meio da discriminação individual e por meio da decisão pessoal. De qualquer modo é melhor, para o ser humano, errar, considerando uma expressão não como vinda do Ajustador, acreditando que se trata de uma experiência puramente humana, do que se precipitar no erro da exaltação de uma reação da mente mortal, considerando-a como sendo da esfera da dignidade divina. Lembrai-vos que a influência de um Ajustador do Pensamento é, em grande parte, se bem que não integralmente, uma experiência supraconsciente.
110:5.6 Vós vos comunicareis com os vossos Ajustadores, em vários graus e de forma crescente, à medida que ascenderdes nos círculos psíquicos, algumas vezes diretamente, mas, na maioria das vezes, indiretamente. Todavia, é perigoso alimentar a idéia de que todo novo conceito ou idéia originada na mente humana haja sido ditada pelo Ajustador. Mais freqüentemente, para a vossa ordem de seres, aquilo que aceitais como sendo a voz do Ajustador é, em realidade, uma emanação do vosso próprio intelecto. Esse é um terreno perigoso; e todo ser humano deve colocar essa questão para si próprio, de acordo com a sua sabedoria humana natural e com o seu discernimento ou intuição supra-humana.
110:5.7 O Ajustador do ser humano, por meio do qual esta comunicação está sendo feita, goza de uma tal amplidão no escopo da sua atividade, principalmente em função da indiferença, quase completa, desse ser humano, a qualquer manifestação externa da presença interna do Ajustador, coisa que é verdadeiramente uma sorte, que esse ser humano permaneça conscientemente tão despreocupado com todo o procedimento. Ele tem um dos Ajustadores altamente experientes desses dias e dessa geração; e, ainda assim, a sua reação de passividade e de despreocupação não resistente, em relação ao fenômeno da presença na sua mente desse Ajustador versátil, é considerada pelo seu guardião do destino como uma reação rara e fortuita. E tudo isso constitui uma coordenação positiva de influências favoráveis, tanto ao Ajustador, na sua elevada esfera de ação, quanto ao parceiro humano, do ponto de vista da sua saúde, eficiência e tranqüilidade.
110:6.1 O resultado final da realização da personalidade, no mundo material, está contido na conquista sucessiva dos sete círculos psíquicos da potencialidade mortal. O ingresso no sétimo círculo marca o começo da verdadeira função da personalidade humana. Completar o primeiro círculo denota uma certa maturidade do ser mortal. Embora atravessar os sete círculos do crescimento cósmico não seja equivalente à fusão com o Ajustador, a mestria de cada um desses círculos significa a realização dos passos preliminares à fusão com o Ajustador.
110:6.2 O Ajustador é o vosso parceiro igualitário, na passagem pelos sete círculos — até o alcance de uma maturidade mortal relativa. O Ajustador ascende, nos círculos, convosco, do sétimo ao primeiro; mas progride até o status de supremacia e auto-atividade, de modo inteiramente independente da cooperação ativa da mente mortal.
110:6.3 Os círculos psíquicos não são exclusivamente intelectuais, nem inteiramente moronciais; eles têm a ver com o status da personalidade, com o alcance mental, com o crescimento da alma e com a sintonização com o Ajustador. O êxito na travessia desses níveis demanda um funcionamento harmonioso de toda a personalidade e não, meramente, de uma parte dela. O crescimento das partes não se iguala ao amadurecimento verdadeiro do todo; as partes realmente crescem, na proporção da expansão inteira do eu — do eu total — , material, intelectual e espiritualmente.
110:6.4 Quando o desenvolvimento da natureza intelectual se dá de modo mais rápido do que o da natureza espiritual, tal situação torna a comunicação com o Ajustador tão difícil quanto perigosa. Da mesma forma, um superdesenvolvimento espiritual tende a produzir uma interpretação fanática e desvirtuada das orientações espirituais do residente divino. A falta de capacidade espiritual dificulta grandemente a transmissão, para um intelecto material, das verdades espirituais que residem na supraconsciência mais elevada. É na mente perfeitamente ponderada, abrigada por um corpo de hábitos limpos e de energias neurais estabilizadas e com as suas funções químicas em harmonia — quando os poderes físicos, mentais e espirituais estão na harmonia trina do desenvolvimento — , que um máximo de luz e de verdade podem ser induzidos, com um mínimo de perigo, ou de risco temporal, ao bem-estar real de um ser. Por meio de um crescimento assim equilibrado o homem ascende nos círculos da progressão planetária, um a um, do sétimo até o primeiro.
110:6.5 Os Ajustadores estão sempre perto de vós e em vós, mas raramente podem falar-vos diretamente, como a um outro ser. Círculo a círculo, as vossas decisões intelectuais, as vossas escolhas morais e o vosso desenvolvimento espiritual aumentam a capacidade do Ajustador de funcionar junto com a vossa mente; círculo a círculo, vós ascendereis dos estágios mais baixos de associação e de sintonização mental com o Ajustador, de modo que o Ajustador se torne cada vez mais capacitado a registrar as suas ilustrações do destino, sempre com mais vividez e convicção, na consciência em evolução dessa mente-alma que busca a Deus.
110:6.6 Cada decisão que tomardes estará sempre facilitando ou impedindo a função do Ajustador; e, da mesma forma, essas mesmas decisões determinam os vossos avanços nos círculos de realização humana. É verdade que a supremacia de uma decisão, a sua relação com uma crise, tem muito a ver com a sua influência na passagem dos círculos; entretanto, inúmeras decisões, repetições freqüentes e persistentes mostram-se também essenciais para a firmeza na formação do hábito de tais reações.
110:6.7 É difícil definir, com precisão, os sete níveis do progresso humano, pelo simples motivo de que esses níveis são pessoais; e, sendo diferentes para cada indivíduo, são determinados aparentemente pela capacidade de crescimento de cada ser humano. A conquista, de cada um desses níveis de evolução cósmica, reflete-se de três maneiras:
110:6.8 1. Sintonização com o Ajustador. A mente que se espiritualiza aproxima-se da presença do Ajustador na mesma proporção que ascende nos círculos.
110:6.9 2. Evolução da alma. O surgimento e crescimento da alma moroncial indica o grau e a profundidade na mestria dos círculos.
110:6.10 3. Realidade da personalidade. A conquista dos círculos determina diretamente o grau de realidade do eu. As pessoas tornam-se mais reais, à medida que ascendem do sétimo ao primeiro nível da existência mortal.
110:6.11 À medida que os círculos são atravessados, o filho da evolução material vai crescendo, transformando-se em um ser humano com maturidade na sua potencialidade imortal. A realidade nublada, de natureza embrionária, de um ser do sétimo círculo, dá lugar à manifestação mais clara da natureza moroncial emergente, de um cidadão do universo local.
110:6.12 Ainda que seja impossível definir com precisão os sete níveis, ou círculos psíquicos do crescimento humano, é conveniente sugerir os limites mínimos e máximos desses estágios na realização da maturidade:
110:6.13 O sétimo círculo. Esse nível é atingido quando os seres humanos desenvolvem os poderes de escolha pessoal, decisão individual, responsabilidade moral e sua capacidade de atingir a individualidade espiritual. Isso significa um funcionamento já unificado dos sete espíritos ajudantes da mente, sob a direção do espírito da sabedoria; significa a admissão da criatura mortal nos circuitos de influência do Espírito Santo; e, em Urântia, significa o funcionamento inicial do Espírito da Verdade, junto com a recepção de um Ajustador do Pensamento na mente mortal. O ingresso no sétimo círculo faz de uma criatura mortal um verdadeiro cidadão, em potencial, do universo local.
110:6.14 O terceiro círculo. O trabalho do Ajustador torna-se muito mais eficaz após o ser humano ascendente haver atingido o terceiro círculo, quando recebe um guardião seráfico pessoal de destino. Se bem que não haja nenhuma articulação de esforços entre o Ajustador e o guardião seráfico, ainda assim deve ser constatado um inequívoco aperfeiçoamento, em todas as fases de realização cósmica e de desenvolvimento espiritual, após a designação do ajudante seráfico pessoal. Quando se chega ao terceiro círculo, o Ajustador esforça-se para moroncializar a mente do homem, durante o restante do seu tempo de vida mortal, para que atinja os círculos restantes e realize o estágio final da associação humano-divina, antes que a morte natural dissolva essa associação única.
110:6.15 O primeiro círculo. O Ajustador não pode, comumente, falar direta e imediatamente convosco, antes que vós atinjais o primeiro círculo, que é a etapa final do progresso de realização mortal. Esse nível representa a mais alta realização possível, na relação da mente com o Ajustador, dentro da experiência humana, anterior à liberação da alma moroncial das cadeias do corpo material. No que concerne à mente, às emoções e ao discernimento cósmico, essa realização do primeiro círculo psíquico significa a maior aproximação possível entre a mente material e o espírito Ajustador, na experiência humana.
110:6.16 Talvez uma denominação melhor para esses círculos psíquicos do progresso mortal fosse a de níveis cósmicos — a apreensão real dos significados e a compreensão progressiva dos valores de aproximação à consciência moroncial, que é a relação inicial da alma evolucionária com o Ser Supremo emergente. E é essa mesma relação que, para sempre, torna impossível explicar inteiramente a significação dos círculos cósmicos à mente material. Somente de um modo relativo a realização nesses círculos está ligada à consciência que o mortal tem de Deus. Um ser do sétimo ou do sexto círculo pode ser tão verdadeiramente sabedor de Deus — consciente da filiação — quanto um ser do primeiro ou do segundo círculo; todavia, os seres dos círculos inferiores encontram-se ainda muito menos conscientes da relação experiencial com o Ser Supremo, e é isso que é a cidadania do universo. O alcançar desses círculos cósmicos tornar-se-á uma parte da experiência dos seres ascendentes nos mundos das mansões, para aqueles que fracassarem nessa realização antes da morte natural.
110:6.17 A motivação da fé torna experiencial a compreensão plena da filiação do homem a Deus; mas a ação, a realização das decisões, é essencial para atingir-se, na evolução, a consciência da afinidade progressiva com a realidade cósmica do Ser Supremo. A fé transmuta os potenciais em realidades, no mundo espiritual, mas os potenciais tornam-se factuais nos reinos finitos do Supremo, somente por meio da compreensão na escolha-experiência, e graças a ela. Contudo, escolher cumprir a vontade de Deus une a fé espiritual às decisões materiais, na ação da personalidade; e, assim, provê um ponto de apoio espiritual e divino que permite um funcionamento mais eficaz para a alavanca humana e material que é a sede de Deus. Uma coordenação sábia, feita desse modo entre as forças materiais e as espirituais, aumenta consideravelmente tanto o entendimento cósmico do Supremo, e a sua realização, quanto a compreensão moroncial das Deidades do Paraíso.
110:6.18 A mestria sobre os círculos cósmicos está relacionada ao crescimento quantitativo da alma moroncial, à compreensão dos supremos significados. No entanto, o status qualitativo dessa alma imortal depende integralmente da compreensão que a fé viva pode proporcionar, ao homem mortal, sobre o valor factual do seu potencial-de-Paraíso, vindo do valor fatual de que esse homem mortal é um filho do Deus eterno. E é por isso que um ser que chegou ao sétimo círculo vai para os mundos das mansões, para atingir uma compreensão quantitativa adicional do crescimento cósmico, do mesmo modo que o faz alguém que haja atingido o segundo, ou mesmo, o primeiro círculo.
110:6.19 Há apenas uma relação indireta entre a realização da passagem pelos círculos cósmicos e a experiência religiosa espiritual real; é que tais realizações são recíprocas e, portanto, mutuamente benéficas. O desenvolvimento puramente espiritual pode ter pouco a ver com a prosperidade material planetária, mas a realização, de círculo para círculo, aumenta sempre o potencial do êxito humano e de realização do mortal.
110:6.20 Do sétimo ao terceiro círculo, ocorre uma crescente ação unificada, dos sete espíritos ajudantes da mente, na tarefa de libertar a mente mortal da sua dependência das realidades dos mecanismos da vida material; essa fase é preparatória para uma introdução mais nítida aos níveis moronciais de experiência. Do terceiro círculo em diante, a influência dos ajudantes diminui progressivamente.
110:6.21 Os sete círculos abrangem a experiência mortal, desde o mais alto nível puramente animal, ao mais baixo nível moroncial, de fato contatável, de autoconsciência, como experiência da personalidade. A mestria na conquista do primeiro círculo cósmico assinala a realização da maturidade mortal pré-moroncial e marca o término do ministério conjunto dos espíritos ajudantes da mente, como uma influência exclusiva de ação mental na personalidade humana. Após o primeiro círculo, a mente torna-se cada vez mais semelhante à inteligência do estágio moroncial de evolução, que é o ministério conjunto da mente cósmica e o dom supra-ajudante do Espírito Materno Criativo de um universo local.
110:6.22 Os grandes momentos na carreira individual dos Ajustadores são: primeiro, quando o sujeito humano irrompe no terceiro círculo psíquico, assegurando, assim, a auto-atividade do Monitor, com um alcance maior de funcionamento (considerando que o Monitor residente já não seja auto-atuante); depois, quando o parceiro humano atinge o primeiro círculo psíquico, pois, então, homem e Ajustador se tornam capacitados para intercomunicar-se, ao menos em algum grau; e por último, quando, final e eternamente, se tornam fusionados.
110:7.1 A realização dos sete círculos cósmicos não equivale à fusão com o Ajustador. Há muitos mortais em Urântia que realizaram os seus círculos; mas a fusão depende ainda de outras realizações espirituais maiores e mais sublimes; depende de uma sintonização final e completa da vontade mortal com a vontade de Deus, tal como esta se manifesta no Ajustador do Pensamento residente.
110:7.2 Quando um ser humano completou os seus círculos de realização cósmica e, mais adiante, quando a escolha final da vontade mortal permitir que o Ajustador complete a associação da identidade humana com a alma moroncial, durante a vida evolucionária física, então, essas ligações consumadas entre a alma e o Ajustador continuam independentemente, até os mundos das mansões; e, de Uversa, é emitido o mandado que autoriza a fusão imediata entre o Ajustador e a alma moroncial. Essa fusão, durante a vida física, consome instantaneamente o corpo material; os seres humanos que testemunhassem um tal espetáculo apenas observariam o mortal, que se translada, desaparecer em “carruagens de fogo”[11].
110:7.3 A maioria dos Ajustadores, que transladaram os seus sujeitos de Urântia, eram altamente experientes e já haviam sido previamente residentes em inúmeros mortais de outras esferas. Lembrai-vos de que os Ajustadores ganham valiosa experiência de residência, nos planetas da ordem do empréstimo; não é certo que os Ajustadores ganhem experiência, de trabalho avançado, apenas com os mortais que não conseguem a sua sobrevivência.
110:7.4 Subseqüentemente à fusão mortal, os Ajustadores compartilham do vosso destino e experiência; eles são vós. Após a fusão da alma moroncial imortal com o seu Ajustador solidário, toda a experiência e todos os valores de um, finalmente, tornam-se posse do outro; de forma tal que os dois passam a ser de fato uma única entidade. Num certo sentido, esse novo ser é do passado eterno, assim como também existe para o futuro eterno. Tudo o que foi humano, certa vez, na alma, sobrevive; e tudo o que é experiencialmente divino, no Ajustador, agora se torna posse real da nova personalidade, sempre ascendente, do universo. Contudo, em cada nível do universo, o Ajustador pode dotar a nova criatura apenas com aqueles atributos que têm significado e valor naquele nível. Uma absoluta unicidade com o Monitor divino e um completo esgotamento dos dons de um Ajustador só podem ser realizados na eternidade; ou seja, subseqüentemente ao alcançar do Pai Universal, o Pai dos espíritos, para sempre fonte dessas dádivas divinas.
110:7.5 Quando a alma em evolução e o Ajustador divino são, final e eternamente, fusionados, um terá granjeado para si todas as qualidades experienciáveis do outro. E essa personalidade, assim coordenada, possui toda a memória experiencial de sobrevivência que a mente mortal ancestral possuiu no passado e que, em seguida, é residente na alma moroncial; e, em acréscimo, esse finalitor em potencial abarca toda a memória experiencial do Ajustador, de todas as suas residências mortais, de todos os tempos. No entanto, uma eternidade no futuro será necessária para que um Ajustador possa dotar, por completo, a personalidade, constituída dessa associação, com os significados e valores que o Monitor divino traz consigo da eternidade do passado.
110:7.6 Todavia, com a grande maioria dos urantianos, o Ajustador deve esperar pacientemente pela chegada da libertação pela morte; deve esperar a liberação da alma emergente da dominação quase completa dos padrões da energia e das forças químicas, inerentes à vossa ordem material de existência. A dificuldade principal que vós experimentais para contatar o vosso Ajustador advém dessa mesma natureza material. Pouquíssimos mortais são pensadores realmente; vós não desenvolveis nem disciplinais espiritualmente as vossas mentes ao ponto de uma ligação favorável com os Ajustadores divinos. O ouvido da mente humana é quase surdo aos apelos espirituais, que o Ajustador traduz, das múltiplas mensagens das transmissões universais de amor, que procedem do Pai das misericórdias. O Ajustador considera quase impossível registrar tais guiamentos espirituais em uma mente animal inteiramente dominada pelas forças elétricas e químicas, inerentes à vossa natureza física.
110:7.7 Os Ajustadores rejubilam-se de poder fazer contato com a mente mortal; mas eles têm de ser pacientes, por longos anos de estada silenciosa, durante os quais eles são incapazes de romper a resistência animal para comunicar-se diretamente convosco. Quanto mais alto os Ajustadores do Pensamento ascendem, na escala do serviço, mais eficientes se tornam. No entanto, não podem nunca vos saudar, na carne, com a mesma afeição compassiva, cheia de expressividade e de solidariedade, com que eles vos saudarão, quando vós os discernirdes, de mente para mente, nos mundos das mansões.
110:7.8 Durante a vida mortal, o corpo e a mente material separam-vos do vosso Ajustador e impedem a comunicação livre; depois da morte, após a fusão eterna, vós e o vosso Ajustador sereis unificados — não sereis mais distinguíveis, como seres separados — e assim não existirá mais a necessidade de comunicação, do modo como vós poderíeis entender.
110:7.9 Ainda que a voz do Ajustador esteja sempre dentro de vós, a maioria de vós raramente a escutará durante a vida inteira. Os seres humanos, antes do terceiro e do segundo círculos de realização, raramente escutam diretamente a voz do Ajustador, exceto em momentos de aspiração suprema, em uma situação suprema e, conseqüentemente, por meio de numa decisão suprema.
110:7.10 Durante a realização e a ruptura do contato entre a mente mortal de um reservista do destino e os supervisores planetários, algumas vezes, o Ajustador residente está situado de uma forma tal que torna possível a ele transmitir uma mensagem ao parceiro mortal. Não faz muito tempo, em Urântia, uma mensagem assim foi transmitida por um Ajustador auto-atuante, ao seu companheiro humano, membro do corpo de reserva do destino. Essa mensagem começava com estas palavras: “E agora, sem perigo e sem ameaça ao sujeito da minha devoção solícita, e sem intenção de desencorajá-lo, nem de castigá-lo, por mim, registrai a minha súplica para ele”. Seguiu-se uma exortação tocante, bela e cheia de apelo. Entre outras coisas, o Ajustador implorou ao seu sujeito “que me dedicasse uma cooperação sincera e mais fé, que suportasse com mais leveza as tarefas decorrentes da minha colocação; que levasse adiante mais fielmente o programa organizado por mim e enfrentasse com mais paciência as provações da minha escolha; que mais persistente e alegremente trilhasse o caminho selecionado por mim e mais humildemente recebesse os créditos que fossem acumulados em conseqüência dos meus esforços intermináveis — assim, transmita esta minha exortação ao homem em quem tenho residência. A ele dedico a suprema devoção e o afeto de um espírito divino. E diga ainda, ao meu amado sujeito, que funcionarei com sabedoria e poder até o final, quando a última luta terrena estiver terminada; e que serei verdadeiro e fiel à personalidade a mim confiada. Eu exorto-o à sobrevivência, para que não me desaponte, e não me prive da recompensa da minha luta paciente e intensa. Da vontade humana dependerá a nossa realização, em uma só personalidade. Círculo a círculo venho pacientemente elevando essa mente humana e, disso, a aprovação que tenho do chefe de minha própria classe é testemunha. De círculo em círculo, estou procedendo até o juízo. Aguardo, com prazer e sem apreensão, a lista de chamada do destino; estou preparado para submeter tudo aos tribunais dos Anciães dos Dias”.
110:7.11 [Apresentado por um Mensageiro Solitário de Orvônton.]
Documento 109. A Relação dos Ajustadores com as Criaturas do Universo |
Índice
Versão múltipla |
Documento 111. O Ajustador e a Alma |